terça-feira, 20 de novembro de 2012

A carne mais barata

Essa é a semana da Consciência Negra, que serve para nos fazer refletir sobre a inserção do negro na sociedade. Infelizmente, não estamos de parabéns. Temos aí uma constituição que nos posiciona como iguais, o racismo é crime inafiançável. E ainda sim, somos racistas. Somos MUITO racistas. Fato que é flagrante quando tocamos no assunto mídia. Tentarei focar esse texto em observações pessoais sobre a internet e a TV, sobre como nos posicionamos nesses veículos a respeito da aceitação e representação dx negrx e, portanto, também sua inserção.

Na internet, covardes se escondem sob a máscara do anonimato e se acotovelam entre redes e portais para destilar seu ódio, criam sites hospedados em outros países para nossa legislação não alcançá-los. Usam o humor para agredir, justificando-o pelo que ele não é: politicamente incorreto. Não há incorreção em ser agressor e não transgressor, isso é trivial, é comum, banal, ordinário. Ou seja, nada original. E nem sequer é humor, ou então voltou a ser engraçado chamar negrx de macacx. Espera, nunca foi! A piada nunca teve graça. O que é engraçado para essas pessoas é apenas o ataque gratuito, rir da humilhação. Aí sim, posso afirmar que a humilhação dxs negrxs sempre foi motivo de júbilo para uma parcela da população. Herança do nosso passado escravagista, demonstração evidente da igualdade que nunca alcançamos.
Demonstração de racismo
contra as cantoras Pepê e Neném

As redes sociais têm provado ser território hostil para xs negrxs. Ultimamente a coisa tem piorado, os racistas estão amparados nas redes, por milhares de pessoas que perderam o medo ou a vergonha de demonstrar ódio, ou até mesmo pela anuência da administração dessas redes. A punição ao crime de racismo parece estar caindo em desuso, ao menos na internet. Lembrando que estamos num país em que se fala em "leis que não pegaram", que são uma falha em nosso sistema jurídico, penal e porque não dizer, também social e cultural. Leis que não são devidamente amparadas não tem o efeito de mudar uma cultura de ódio tão enraizado e que se propaga na medida em que nada é feito para contê-lo. Existem alguns casos de condenação ao ódio racista nas redes, mas são poucos e as penas são leves.

Recentemente o facebook passou a responder às denúncias que fazemos contra páginas, comentários e etc. E se antes o silêncio incomodava, as palavras parecem pesadas demais para suportar. Como lidar quando você está diante de clara expressão de preconceito e o facebook responde que não há nada demais no conteúdo? Todas as denúncias que fiz foram rejeitadas. TODAS.


Imagem da página de
Facebook Preta e Gorda

Felizmente a internet também é palco de ativismo contra o racismo e existem páginas sensacionais que fazem a diferença. Estou completamente apaixonada pela página "Preta & Gorda", por exemplo. Que faz um trabalho lindo de divulgação de imagens bodypositive, haja vista que o padrão de beleza vigente é racista e gordofóbico. Incentivar a autoestima das mulheres é muito importante.



Suburbia
Se na internet o cenário está piorando, pode-se dizer que em outras mídias ele não melhorou. Li alguns textos sobre as duas produções da Rede Globo com protagonismo de personagens negrxs, "Lado a Lado" e "Suburbia", e o que li aqui, aqui e aqui não é animador. Continuamos escrevendo histórias de negros escravos e brancos salvadores. Alguém por aí deve achar que é um grande favor axs negrxs não representá-lxs como bandidos, mas como incapazes de salvar a si mesmos. Como pessoas que são "quase" da família. Os "quase" aceitos, sempre "quase". Representá-los como bandidxs e representá-lxs como incapazes são duas faces de um mesmo problema.


Lado a Lado
Lado a Lado, que possui uma representação interessante, apresenta belíssimas cenas, um elenco formado por muitxs negrxs, é uma pena que isso seja possível apenas em novelas cuja temática seja a escravidão. O problema é: xs negrxs são a maioria da nossa população, ainda sim, só se lembram de representá-lxs na TV em novelas de época. Sem contar que as novelas de época atuais pegam bem leve em representar esse período, reforçando a idéia de que o branco opressor não era tão mal assim. Compreendo que seja doloroso rever as cenas de açoite dxs negrxs em novelas mais antigas que retratavam o Brasil antes da abolição (no caso de Lado a Lado, é pouco tempo após, portanto a temática é do negro escravo é bastante presente), mas é bastante danoso cobrir os olhos para o horror do passado. Se eu tenho alguma resposta sobre como chegar ao meio termo? Não. Gostaria, mas não tenho. 

O protagonismo não significa muito quando não vem revestido de cuidado com o contexto. Houve uma única "Helena" negra de Manoel Carlos, interpretada por Thaís Araújo. Embora a personagem fosse diferente do estereótipo que vemos sempre, pois era negra e rica, modelo internacional, com carreira de sucesso e etc. é bom que relembremos uma cena, gravada de forma indelével em minha memória. A cena em questão mostra a personagem Tereza, interpretada por Lilian Cabral, esbofeteando Helena, que se ajoelhou em sua frente para lhe pedir perdão. Alguns dirão que ela não apanhou por ser negra, mas por ter indiretamente causado o acidente que fez com que a filha de Lilian Cabral se tornasse tetraplégica, mas queridos, o signo é relevante. A imagem que já está gravado em nossa mente é o da mulher branca coagindo a mulher negra, uma cena que não pode ser jamais dissociada de um contexto. Não desprezem essa representação, pois ela tem significado histórico e cultural. É a sinhá e a escrava mais uma vez. 

Tereza bate em Helena

E já que mencionei a protagonista de Thaís Araújo, que até onde me lembro já teve três papéis principais, vamos lembrar de outra protagonista recente: Maria da Penha, a empreguete. Não é curioso que numa novela com três protagonistas apenas a mulher negra fale "incorretamente"? Curioso é modo de falar, gente. Essa presunção de que x negrx fala "incorretamente" ou que é iletrado é racismo mesmo. Além de ser uma representação bastante elitista, dada a profissão da personagem que também é estigmatizada, por ter uma baixa remuneração e ser essencialmente uma das profissões dominadas por mulheres. Assim, combina-se numa só personagem três tipos de preconceito: o machismo, elitismo e o racismo. E é claro, devo ressaltar que Maria da Penha foi a única das três empreguetes que sofreu assédio sexual em seu ambiente de trabalho.

A mulher negra possui outro espectro não contemplado pelos estereótipos “bandido” ou “incapaz”. A mulher negra é objeto. Há pouquíssimo tempo, na novela Fina Estampa, tivemos um exemplo marcante dessa questão. Não sei se todos se lembram, mas Fina Estampa era uma novela urbana. E dentro dessa ambientação de uma grande cidade, uma mulher negra era a única personagem de todo o elenco a banhar-se sensualmente ao ar livre com uma mangueira, cena que se repetiu diversas vezes até o fim da novela. Dagmar, sua flor nos cabelos, seus banhos noturnos sob a lua. Uma romantização do ódio contra as mulheres negras. A hipersexualização da mulher negra nas novelas é recorrente. Dagmar não foi a primeira, nem a última. Vale lembrar que na mesma novela havia a personagem branca e loira chamada Teodora, também uma mulher desejada, contudo em momento nenhum de toda a novela ela chegou perto de interpretar algo próximo dos pitorescos momentos sensuais de Dagmar, momentos em que o racismo e o machismo se misturam ao ponto de se tornarem indissociáveis. A objetificação da mulher branca e da mulher negra tem contextualizações distintas, embora ambas sejam violentas.

O Cirilo de 20 anos atrás
A forma como apresentamos xs negrxs (ou pior ainda, não representamos) nas mídias interfere diretamente na forma como os negros são acolhidos na nossa sociedade e vice-versa. É um sistema opressivo que se retroalimenta. A questão da representação é tão patente que estamos fazendo um remake de uma novela que inclusive, já era um remake! A primeira versão de Carrossel foi ao ar nos anos 60 na Argentina e teve sua regravação no México em 1989. Exibida no Brasil em 1991, permaneceu na "memória afetiva" do brasileiro ao ponto em que, 20 anos depois (ou 50 anos, se contarmos a primeira versão já realizada), estamos fazendo mais um remake. O antigo e requentado racismo está lá em todas as versões. O Cirilo Rivera, negro e pobre, desprezado, inocente, sonhador e passivo. Sofre com o racismo de Maria Joaquina, a branca e rica que ele nunca deixa de amar. Eu me recordo de quando assisti Carrossel. Na época eu não sabia o que era o racismo, pois era muito pequena, mas já nas primeiras salas de aula que frequentei, havia um "Cirilo". Havia um negro que era chamado por esse apelido que nada tem de abonador. E me surpreendi (na verdade nem sei porque ainda me surpreendo) com o vídeo que vi, do @Lasombraribeiro, falando que sua filha tem sofrido o mesmo preconceito. Está sendo chamada de Cirila na escola. Estamos falando de um espaço de tempo de 20 fucking anos. VINTE. Duas décadas. Estamos falando da geração Y, que já aprende a viver com um aparelho com internet nas mãos. E o velho preconceito continua em tantas salas de aula por aí, atacando a autoestima de meninos e meninas. Especialmente a das meninas, que sabemos também são alvo do machismo cotidiano.

Eu até poderia pular essa parte do texto, pois falar do Zorra Total, é chutar cachorro morto, uma vez que ESTÁ TUDO ERRADO. TUDO. Se duvidar cada quadro dá um texto para esse blog. Sabe quando no início do texto eu disse que chamar negro de macaco não tem graça? Pintar branco de negra também não. Qual seria o motivo que leva um ator branco a se pintar de negra para representar? Não seria mais prático chamar uma atriz negra? O motivo é o mesmo de sempre... Humilhação. Um branco ridicularizando a pele negra. Só que no caso da Adelaide, o ator que representa a personagem é negro. Um negro, pintado de negro. Bom, não sei se ele se identifica como negro, mas certamente possui traços característicos da raça negra. O que é bastante flagrante nesse caso é o alvo da chacota: a mulher negra. É isso que é exibido todos os sábados com a personagem Adelaide, do Zorra Total. Uma personagem, negra, pobre, desdentada, maltrapilha, que faz comentários desdenhosos de características dxs negrxs como por exemplo, a compleição de seus cabelos. Alguém realmente pode tentar justificar isso sem resvalar no racismo mais uma vez? Sem desqualificar as mulheres negras? Será que em algum lugar nesse país não tem uma mulher negra sendo chamada de "Adelaide" jocosamente apenas por ser negra?

A questão aqui não é esconder que o racismo existe, ou fingir que não existiu escravidão, mas é mesmo necessário que nos tempos de hoje, ainda estejamos sempre diante dos mesmos personagens, com novos atores, novas técnicas de filmagem, nova roupagem, mas o mesmo conceito? Porque não podemos representar negros em produções televisivas sem tender ao ódio ou ao paternalismo? Me recordo de alguns poucos exemplos interessantes e não estereotipados nas novelas recentes. Poucos. E mesmo entre esses, há certeza de que em certo momento os signos não são lançados novamente de forma velada ou pouco criteriosa? 

Caitlin Moran, feminista, autora do
premiado livro "Como Ser uma mulher"
Fora do panorama nacional, há pouco tempo a feminista Caitlin Moran deu uma declaração bastante controversa sobre as críticas que foram feitas ao elenco da série Girls, que não conta com atrizes ou atores negros. Caitlin disse que não dá a mínima para esse fato. Não estamos falando de uma pessoa que está de fora dos movimentos sociais, mas de alguém que se afirma feminista (e é, já que não existe um teste de admissão). Acho complexo pensar uma série que se passa em N.Y., num país com tamanha segregação racial, com alta concentração de imigrantes latinos, indianos, chineses e etc, sem que não exista sequer uma pessoa que não seja branca (considere que essa questão da imigração é muito importante no feminismo americano). Calar-se diante da falta de representatividade de grupos minoritários em uma série que tem uma temática feminista é muito errado. É White privilege, ou privilégio branco. Nós, feministas brancas, também devemos atentar para os nossos próprios privilégios, pois eles existem. Na série Girls, em específico, eu só posso lamentar profundamente que não exista uma protagonista negra. A série é muito boa, retrata de forma muito humana, multifacetada, os problemas daquelas jovens de 20 e poucos anos que ainda estão começando a vida adulta, lidando com relacionamentos falidos e opressores, com pouca grana... enfim, uma série sobre a vida imperfeita dessas moças, eu acredito que o panorama de uma jovem negra nas mesmas condições seria muito enriquecedor para a série. O tempo de se pensar num casting completamente branco já passou, nos dias de hoje isso deveria ser inimaginável.

Certamente esse foi um ano decisivo para xs negrxs em nosso país, com a vitória histórica no STF pelo direito às cotas em universidades. Por outro lado, o conservadorismo está crescendo e ainda hoje, as palavras da música de Elza Soares fazem sentido: A carne negra é a mais barata do mercado. E se olharmos a fundo para a situação, podemos estreitar melhor esse jargão, veremos que a carne da mulher negra é ainda mais barata. Infelizmente, ainda precisamos caminhar muito enquanto sociedade para que isso deixe de ser verdadeiro.

Esse texto faz parte da Blogagem Coletiva Mulher Negra. Durante os dias 20 e 25 de novembro, uma aproximação entre o Dia da Consciência Negra e o Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher. Acompanhe aqui.

16 comentários:

  1. Queridas,

    obrigada pela linda colaboração na #BCMulherNegra. Ainda mais falando sobre representatividade nesse momento tão único que vivemos.

    Grande abraço!

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  2. Não concordo quanto a Lado a Lado, vc vê a novela? Não tem isso de negros coitadinhos sendo salvos pelos brancos bonzinhos não. A novela mostra sim a filhadaputice de muitos brancos (os que não são racistas são minoria) e os negros são guerreiros e ajudam até os personagens brancos (como agora a Isabel ajudando a Laura).

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    1. De todas é realmente a melhor, ainda sim, acho péssimo que só haja representação negra em novelas se o tema dela for a abolição. Lado a Lado se passa pouco tempo depois e o tema do "negro escravo" ainda é muito presente.

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    2. As representações dos negros em novelas como Lado a Lado tem o seu valor, mas num panorama geral parece que negros só são representados como "donos de si" em novelas de época, como se depois desse momento, o racismo tivesse acabado, como se não tivesse mais motivos pra lutar e como se fosse ok apenas negros trabalharem como empregados nas novelas atuais.

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    3. Gosto tbm nessa novela que há negros "do mal" e "do bem", assim como brancos, e assim como é na vida real. Sem aquela de colocar as minorias como coitadinhas injustiçadas ou pior, como vilões.

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  3. Gente, não assisto a Globo, mas nem precisa pra constatar o que foi relatado aqui. Sabe, Gizelli, sinto falta de textos como os seus, que falem de racismo e toquem em pontos tão sensíveis e até invisíveis (!) para muitos. Em tempo: TENHO ABSOLUTA CERTEZA que esse ator negro que se pinta de negro não se identifica como negro. Por quê? Por que seria 'humilhante' e contraditório.
    Eu nunca sofri preconceitos diretos e rasgados, mas (modéstia à parte) sou uma mulher inteligente e identifico o racismo não só em palavras, mas em expressões corporais, olhares, 'gostos pessoais' e por aí vai. Pra citar como exemplo recente, resolvi voltar a usar meus cabelos ao modo 'in natura' e o centro dos comentários é que eu fico mais bonita com 'esse estilo'. ahahahahahah, ai ESTILO, veja só. Eu rio e respondo que esse 'estilo' me foi dado na placenta, eu reneguei por alguns anos e agora voltei a usar esse 'estilo'.
    Ou quando eu entro numa loja, e escolho tantos itens que a pessoa antes de passar a compra me fala o valor total, informando que só aceita dinheiro ou cartão de débito, como se me dissesse: você tem mesmo esse dinheiro?

    Gostaria que mais pessoas enxergassem e tocassem nesses pontos mais sutis que também são gestos/ comportamentos racistas, sim.
    E não. Não é questão de gosto, não é só um comentário, não é só uma piada e eles não dependem da intenção do agente para serem preconceituosos e humilharem seu alvo.

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  4. No caso da novela "Cheias de Charme", percebi que a personagem de Taís Araújo era a única das empreguetes que não tinha ambições, nenhum desejo na vida além de ser doméstica para sempre. Enquanto que a personagem de Leandra Leal queria ser cantora e a de Isabelle Drummond planejava fazer faculdade de jornalismo, a de Taís Araújo simplesmente não tinha nenhum sonho. Queria apenas continuar "no seu lugar" de subordinada a alguma mulher branca e "bondosa".

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  5. E a representação do índio? Quantos atores/atrizes existem com traços ou descendência indígena? Será que vocês poderiam fazer uma análise disso também? Excelente post, como sempre.

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    1. Ótima sugestão, Rafaela. De cabeça, me lembro de uma novela espírita em que a personagem principal foi criada numa aldeia indígena. Pode-se considerar que a representação indígena é inexistente. Vou pensar melhor a respeito do tema.

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  6. O caso da série "Girls" me lembrou de como nunca vi o Barney e nem o Ted (da série How I met your mother) se interessarem por uma mulher negra. Além da série não ter nenhum ator ou atriz negro, os dois só se interessam por mulheres dentro do padrão de beleza (mulheres brancas são as "bonitonas" para a série).

    E não é só em Girls e HIMYM, isso ocorre em quase todos os seriados americanos que já vi. :/

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    1. Fiquei matutando sobre a mesma coisa, Thaís. Eles raramente colocam um personagem negro nas séries, e quando colocam é tipo um ou dois só pra dizer que tem. Um racismo velado...

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  7. Geralmente quando se coloca algum negro em uma série americana, ele geralmente é o personagem "café com leite" (quem já brincou de pega-pega sabe do que estou falando) raramente se tem algum trama importante em relação a ele... Isso sem falar nos esteriótipos que ele tem que ser jogador de basquete e ouvir rap, será que em boa parte dos seriados norte-americanos os negros não podem gostar de algum esporte que não seja basquete ou gostar de música clássica?

    E um bom exemplo que eu acho que deveria sumir é o Carrossel, pois quando eu era pequeno todo garoto que tinha as mesmas características do Cirilo ganhavam esse apelido, não sou psicólogo ou algo assim, mas creio que para uma criança ser comparado a uma pessoa de personalidade fraca creio que não seja bom pra auto-estima dela.

    Quando digo que o Cirilo é um fraco, não é exatamente por ele, mas como é retratado na novela, ele é praticamente o único garoto negro na escola o que não o deixa de ser o único "diferente", é normal que ele sinta atração por uma garotas da escola, mas porque ele aguenta de forma tão passiva as humilhações? Há muitos anos que eu assisti a novela, mas eu lembro que o máximo que se ouvia era um "coitadinho" mas nunca alguém que o defendesse de verdade e dissesse "Ninguém é melhor do que você cara!"

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  8. Não conheço a realidade americana, mas sou negra e estudei jornalismo em uma faculdade "de elite", a PUC do Rio. Nos quatro anos que passei lá, acho que apenas em duas ou três turmas havia outro negro. Foi um choque pra mim, pq nunca havia passado por isso em todos os outros anos de estudo. Talvez por isso essa série - que não vejo, mas já li a respeito - não tenha uma negra protagonista. Mas em uma obra de ficção não precisava haver esse compromisso com a realidade...

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  9. Parabéns pelo texto. Sinto por ler situações que vejo há muito tempo, e digo que o texto é ótimo não pela novidade, mas pela clareza e organização do que é exposto. Não uso a expressão "racismo velado" pois não é velado. Se quando criança já enxergava as situações relatadas é porquê eram (são) óbvias. E, para contextualizar, informo que não sou negro (talvez um indiodescendente...), e na "minha condição étnica" vi e sofri o preconceito recorrente da sociedade. Refiro-me ao que ocorre no Brasil como "Racismo descarado", algo como um racismo "com jeitinho". Sei que "descarado" é um termo que carece de certa objetividade mas é o melhor que penso. E, não menos importante, admito minha atração por mulheres afrodescendentes, mas, como alerta o texto, faço minha auto-vigilância para não cair no discurso vil da relação patrão/empregada - senhor/escrava - sujeito/objeto.
    Sucesso na sua empreitada.
    Sergio Luz

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  10. esse negocio de racismo e pura burrice ,todo mundo è igual ,esses bando de preconceituosos que não são gente .!!!!fico revoltada .tem que processar e prender esse povo .

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